segunda-feira, 12 de julho de 2010

Encantada!


O inacreditável aconteceu: resolvi 3 grandes problemas burocráticos numa só manhã. Sim, eu disse numa só manhã.

Detalhemos então os objetivos e o que aconteceu. Precisava de 3 coisas:

1) Ir até o escritório do governo canadense denominado “Canada Service” na 200 René-Levesque Boulevard para me inscrever e obter meu Social Insurance Number; horário de funcionamento do local: das 8:30 as 16:30. Previa algo como o nosso bom Poupatempo.

2) Ir até o escritório do departamento de saúde do estado do Quebec denominado “Régie de l'assurance maladie du Québec” na 425 Maisonneuve Ouest para me inscrever e obter meu Medicard/Health Insurance; horário de funcionamento do local: das 8:30 as 16:30. Previa algo como o nosso terrível SUS.

3) Ir até o Royal Bank of Canada na Avenue du Parc e abrir uma conta o mais simples e isenta de taxas possível, considerando que não tenho endereço fixo, não tenho histórico de gastos no Canadá e sou estrangeira; horário de funcionamento do local: das 9:00 as 16:00. Previa algo como o nosso razoável Banco do Brasil.

Imaginei que isso me tomaria o dia todo, e mais talvez a manhã de amanhã. Saí do hotel às 7:30 e passei no Tim Hortons para tomar um café e um iogurte com strawberry, blueberry, cranberry, raspberry e blackberry (3.44 CAD$ - que roubo! Amanhã vou no McDonalds pegar um café e um muffin por 2 dólares).

Resolvi seguir a ordem que descrevi acima, já que sem o número do seguro social não se faz cartão de atendimento médico nem se abre conta em banco. Caminhei cerca de 1,5 Km e cheguei ao Canada Service 15 minutos antes do horário de abertura. Minha nossa, que lugar lindo, cheio de portas e paredes em vidro! Veja abaixo que o Poupatempo ainda tem muito o que aprender, tanto em aparência quanto em eficiência e atendimento.

Cerca de já 10 pessoas aguardavam em fila a abertura da porta de vidro. 50% muçulmanos, 30% indianos e 20% outros. 5 minutos antes da abertura vi que os funcionários já se dirigiam a seus postos e 3 deles se posicionaram próximos à porta. Exatamente às 8:30 um senhor abriu a porta e fez aquele cerimonial gesto com a mão de “pode entrar, seja bem vindo”. Ele e mais 2 funcionárias, após um sorridente bon jour direcionaram um a um dos que estavam na fila para a seção desejada (este local faz trocentas coisas mais além do Social Insurance Number). Na minha vez, 57 segundos após a abertura das portas, fui apresentada a Evelyn, que foi minha atendente oficial. O atendimento durou pouco mais de 15 minutos, que passaram rápidos como num bate-papo de amigos. Ela levantou todos os meus dados, digitou com rapidez, não errou meu sobrenome e enquanto digitava os formulários preenchia o tempo com comentários alegres sobre a temperatura e a cidade, perguntando sobre as praias do Brasil, e dando graças a Deus que o verão em Montreal era curto, senão toda a economia do país estaria perdida, pois nesta época todos ficavam exauridos, resfolegantes e improdutivos com o calor terrível e a alta umidade. Eu rí, e todo o universo fez sentido para mim por alguns instantes.
Próximo passo, “Régie de l'assurance maladie du Québec” no terceiro andar deste edifício na 425 Maisonneuve Ouest. Local não tão bonito por dentro, bem mais cheio de gente mas extremamente eficiente por conta de um sistema de senhas rápido e atendentes capazes.

Fiz cadastro inicial, entrevista, tirei foto para o cartão e recebi meu formulário em cerca de 30 minutos. Pronto! Próximo passo, Royal Bank of Canada.
Você, brasileiro, já viu um banco sem filas? Eu também não conhecia, esta foi a primeira vez. Cheguei e a recepcionista (sim, acredite) deu-me boas-vindas sorridente e perguntou em que ela poderia me ajudar. Eu disse que queria abrir uma conta. Ela anotou meu nome completo (sem errar!) e me pediu para aguardar 10 minutos numa área de sofás. Sentei-me e 5 minutos depois um moço chamou-me de Senhorita “meu sobrenome” (de novo, sem errar!!) e convidou-me para acompanhá-lo a sua sala. Ofereceu-me água e me informou que toda nossa conversa e qualquer dado que eu fornecesse seria mantido confidencial e que o Royal Bank of Canada (RBC) não compartilhava nada com nenhum outro banco nem com a torcida do flamengo. Que coisa bonita de se falar e ganhar automaticamente a confiança total e irrestrita da pessoa. Genial!

Resumindo, Jan (nome do meu personal gerente RBC) passou 1 hora e 40 minutos inteiramente dedicados a minha loira pessoa. Explicou-me em detalhes íntimos TODOS os tipos de conta disponíveis ao meu perfil de limite de movimentação finaceira, explicou-me o porque de cada item que poderia gerar taxas extras e me informou TUDO o que estava incluso ou não na conta indicada ao meu perfil (basic account ou conta de pobre). Ele também me ensinou como entrar e operar via RBC online banking. Entendi em profundezas inimagináveis que checking account é como uma conta corrente e savings account é como uma poupança. Sei de TODAS as taxas adicionais que posso pagar caso ultrapasse um determinado número de movimentações financeiras, ou se sacar fora de um caixa do RBC e até sobre coisas que nem vou ter, como cheques em papel.
Sou cliente do Banco do Brasil há mais de 10 anos e sabe quando alguém me falou em valor de tarifas extras, o que cobra e o que não cobra, ou mesmo valores de taxa bancária mensal sem que eu precisasse perguntar mais de uma vez? NUNCA.
Também ganhei um cartão dele com 3 telefones e uma pasta contendo por escrito tudo o que conversamos. Jan Sauvé-Frankel, the best account manager that I ever met!
Tudo isso numa manhã. Almocei no St. Hubert (coleslaw, canja [que eles chamam de rice soup] e chicken salad: 6.49 CAD$) e agora a tarde vou estudar para no fim do dia ir para o MNI.

E não é que isso está indo bem?! A teoria ludmyliana comprovada do dia é: verão (pelo menos o daqui) faz bem para o psiquismo.

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