domingo, 12 de outubro de 2008

Adoro poesia

Estava me lembrando agora de quando declamei "Mal Secreto", de Raimundo Correa, na escola. Tinha uns 11, 12 anos de idade. Minha voz tremia, mas mative até o fim a entonação emocionada que havia ensaiado durante dias a fio com meu pai.
Todos no pátio me olhavam como se eu fosse uma extraterrestre... magrinha, calça jeans larga com a cintura no tórax, óculos John Lennon, cabelo escorrido, aparelho ortodôntico enorme... o supra-sumo da timidez.
Até hoje não sei se declamei certo... deveria parar ao final de cada verso respeitando a rima ou parar na pontuação do autor, respeitando o sentido da frase?
Lá vai, ainda de cor:

"Se a cólera que espuma, a dor que mora
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja a ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!"